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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Alfabeto




História João Pé de Feijão




Visualiza esta bonita história com muita atenção.

http://docs.google.com/present/view?id=df9fdc2m_132db9xmwgv

Lenda das Ganchas de S. Brás



Anualmente, no dia 3 de Fevereiro realizam-se as festas a S.Brás na Vila Velha, numa pequena capela junto à igreja de S. Dinis, no cemitério mais antigo da cidade. Neste dia, é costume encontrar-se à venda as chamadas “ ganchas” feitas com massa de rebuçado e enfeitadas com bonito papel de seda. É tradição, os fiéis darem três voltas ao cemitério, às “arrecuas”, calados, para “não entrar enguiço”. É então altura de os rapazes oferecerem a gancha às raparigas, retribuindo o presente dos “pitos de Santa Luzia. Há quem diga que este doce significará “um gancho para apanhar raparigas com vontade de namorar”.
As ganchas de S. Brás, segundo reza a lenda, têm origem no séc. IV, quando uma mulher pediu a S. Brás que socorresse o filho que tinha uma espinha na garganta. Quando o santo se aproximou da criança em perigo de vida, o milagre deu-se. A partir desse feito, foi eleito protector das doenças da garganta. Como S. Brás era bispo, julga-se que a forma das ganchas, com feitio de bengalas, esteja relacionada com o báculo bispal do Santo. Outras versões defendem que a forma das ganchas representa um espátula para pincelar as gargantas ou para tirar objectos nela entalados. O facto de ser feita de açúcar será para serenar as crianças, adoçando-lhes a boca enquanto a remexem na garganta.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Vestígios Romanos em Vila Real




Vila Real é a capital da província de Trás-os-Montes e uma cidade com vários séculos de história. Segundo se julga, terá sido habitada no Paleolítico. Depois, por ela passaram os celtiberos, os romanos, os bárbaros e os muçulmanos, sendo da época dos romanos o Santuário rupestre de Panóias. A região, pouco povoada, foi alvo de uma política de povoamento no século XII. No século XIII, D. Dinis fundou a "Pobra" de Vila Real de Panóias, que deu origem à cidade de hoje.
Uma cidade onde se cruzam igrejas e conventos de várias épocas e estilos.
Por ali passou o famoso arquitecto Nicolau Nasoni, deixando a sua obra visível na fachada da Igreja dos Clérigos e no solar que é um dos mais belos exemplos de arquitectura barroca em Portugal - a Casa de Mateus. Além deste solar, podem-se encontrar muitos outros nesta cidade que já chegou a ser conhecida como "A Corte de Trás-os-Montes".
Depois de descobrir as potencialidades de uma cidade que é capital de uma das mais importantes províncias vinícolas do país, não é preciso andar muito em torno de Vila Real para descobrir a simplicidade de uma pequena aldeia chamada Vilarinho da Samardã, onde Camilo Castelo Branco passou os primeiros e únicos felizes anos da sua vida. Depois, uma visita a Bisalhães e Vilar de Nantes remete-nos para a simplicidade do barro preto e das mãos que lhe sabem dar diferentes formas. São já as mulheres de Agarez que aplicam as suas capacidades no trabalho manual do linho.


SANTUÁRIO RUPESTRE DE PANÓIAS




Nas margens do Rio Corgo, um dos afluentes do Douro, a cidade de Vila Real ergue-se a cerca de 450 metros de altitude, numa região que revela indícios de ter sido habitada desde o Paleolítico. Vestígios de povoamentos posteriores, como o Santuário Rupestre de Panóias, denunciam com segurança a presença dos romanos na região, mas os tempos que se seguiram, durante as invasões bárbaras e sobretudo muçulmanas, impuseram um despovoamento gradual que só terminou com a aproximação do séc. XII, com a outorga em 1096 do foral de Constantim de Panóias, pelo Conde D. Henrique. Em 1289, por foral de D. Dinis (o primeiro dado por este monarca a Vila Real) é fundada a pobra de Vila Real de Panóias, que viria a transformar-se na cidade de hoje.

PONTE ROMANA DE SÃO LOURENÇO


A Ponte Romana de São Lourenço, também conhecida por “Ponte Romana do Arquinho de São Lourenço”, situa-se na continuação da povoação de São Lourenço, sobre a ribeira com o mesmo nome, no concelho de Chaves, na região Norte do País. Esta é uma região com antiga ocupação humana, e vários vestígios arqueológicos, nomeadamente Romanos.
A Ponte estaria numa das importantes vias Romanas que tinha das vertentes mais difíceis, ligando Braga a Astorga, da qual ainda restam vários troços, hoje visitáveis na “Calçada Romana de São Lourenço”. Esta é uma estrutura pequena, com um só arco, e cerca de 8 metros de comprimento e 4 de largura, de tabuleiro plano e sem guardas.

PONTE ROMANA DE PISCAIS



A Ponte de Piscais, sobre o rio Corgo, é uma ponte romana situada a norte da cidade de Vila Real na freguesia de Mouçós, Portugal. Esta obra fazia parte de uma importante via romana que atravessava toda a península ibérica, como ainda está aberta ao tráfego automóvel tem sofrido vários "atentados" entre os quais o uso do cimento para nivelar os característicos e não nivelados pavimentos romanos - (por terem assim sido construídos e por centenas de anos de uso).
Foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1977.


VILARINHO DE SAMARDÃ

Em Vilarinho de Samardã devia passar uma via romana que ligava Chaves (Aquae Flaviae) a Lamego (Lamecum), através da cidade de «Cauca» (Vila Pouca de Aguiar) e da de Panóias. A presença romana é atestada pelo nome de Cividade, que diz Pinho Leal, ainda conserva um morro, no qual, “conforme a tradição, existiu um castelo e se tem encontrado muitas moedas romanas.
Também diz a tradição que houve um castelo dos mouros (talvez dos romanos) no sítio denominado Monte da Murada ou Muralha, hoje fragoedo nu, mas que muito provavelmente foi murado e fortificado outrora”. Um destes nomes pode ter correspondido ao monte do Castelo de S. Cristóvão, próximo de Vilarinho, mas originariamente um castro. Durante a Reconquista, Trás-os-Montes sofreu um forte despovoamento pelo que o processo de atracção das populações se foi fazendo durante a formação da nação. Aqui, isso terá acontecido no século XII-XIII por carta de foro ou povoação ou até por foral. É provável também que aqui houvesse terras da casa dos Sousãos e até da própria sé bracarense, por doação de D. Afonso Henriques, nos inícios do seu governo (1127-1128).
As inquirições de 1220 de Santa Maria de Adoufe citam a existência deste Vilarinho, porque aqui existia um casal reguengo, dando à coroa a quarta do pão e do linho e metade do vinho, além das direituras de uma espádua de porco, um sexteiro de pão, duas galinhas com vinte e cinco ovos, um cabrito com uma galinha e um leitão. Havia ainda aqui outros casais que pagavam ao rei um almude de manteiga, uma galinha com dez ovos e uma quarta de vinho, por ano, além de fazerem serviço nos castelos (anúduva).
Segundo se pode ler na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira “o facto mais notável do século XIII é o foral concedido aos habitantes para o sítio de Codeçais. Em Setembro de 1257, o juiz de Panóias, Martim Martins, obedecendo às ordens de D. Afonso III nesse sentido, (…) passa uma carta de foral a quatro famílias nomeadas (…) para povoar o local dos Codeçais em termo de Vilarinho que, indubitavelmente é este, de Samardã. Este concelho de Codeçais era limitado ao sul pelo ribeiro que desce do Meroucinho e passa entre Vilarinho e Benagouro”. Aqui houve uma povoação chamada de Antela que recebeu foral em 1255, por mandado de D. Afonso III. Antela é um topónimo arqueológico, derivado de edificação dolménica. Desapareceu da freguesia como nome de povoação. Também o foro é dado a quatro famílias. Codeçais e Antela são pequenos concelhos que teriam existido apenas nos séculos XIII e XIV(…)



Trabalhado realizado por Diogo Reis Santos

Artesanato-Olaria de Bisalhães




A olaria de Bisalhães é um dos ex-libris de Vila Real, pela sua tradição secular que se prolonga até aos nossos dias. O barro é picado até se desfazer em pó, as impurezas são removidas, a mistura com a água cria a matéria-prima. Em seguida, o oleiro dá-lhe forma na roda e, antes que a peça seque, desenham-se flores e outros ornatos. A cozedura faz-se num forno aberto no chão.

Colocadas as peças, cobrem-se com rama de pinheiro verde, a que se ateia o fogo. O fogo é abafado com caruma, musgo e terra, para que se não libertem fumos e seja obtida a cor negra característica.

Na Festa de S. Pedro é tradição fazer-se a Feira dos Pucarinhos, onde os oleiros de Bisalhães vendem as peças que fabricam. A peça de barro mais procurada é a Bilha dos Segredos.


Lenda dos Pitos de Santa Luzia



Conta-se que os pitos de Santa Luzia foram inventados por Ermelinda Correia, que veio a ser mais tarde a Irmã Imaculada de Jesus. Esta rapariga tinha um defeito: era muito gulosa. Este facto obrigou os seus pais a enclausurarem-na no convento de Santa Clara, na esperança de transformar o pecado em virtude.
A Irmã Imaculada tornou-se devota de Santa Luzia, padroeira dos cegos e das coisas da vista. Certo dia, estava a irmã a aplicar os curativos nos seus doentes (feridas, contusões e inchaços nos olhos), com uns pachos de linhaça (género de pensos usados para os ferimentos) que eram uns quadrados de pano cru onde se colocava a papa, dobrando as pontas para o centro para não verter a poção, quando de repente teve uma visão.
Correu para a cozinha e fez a massa de farinha e água e cortou-a em pequenos quadrados. Tinha consigo um cibo do açúcar que lhe cabia na ração, e fez uma compota de abóbora. À imagem dos pachos, dobrou a massa por cima da compota e levou ao forno a cozer. A seguir despachou-se a escondê-los, pois estava proibida de ser gulosa.
A caminho cruzou-se com a madre superiora que era cega. A madre perguntou desconfiada, o que levava no tabuleiro. Cheirando o perfume adocicado a Irmã Imaculada, apressou-se a responder que eram pachos de linhaça para os doentes do dia seguinte.

À noite na cela, a Irmã Imaculada sossegou a alma, e nem sequer se sentia culpada, pois sempre ouviu dizer que "do que não se vê, não se peca".

Fonte:http://www.lifecooler.com

Trabalho realizado por Leonardo Ramos

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Figura Ilustre de Vila Real

Camilo Castelo Branco



Camilo Castelo Branco é o nome mais conhecido e pelo qual o escritor e romancista (além de cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor) Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco se notabilizou na literatura.
Teve uma vida atribulada que lhe serviu muitas vezes de inspiração para as suas novelas. Foi o primeiro escritor de língua portuguesa a viver exclusivamente dos seus escritos literários. Apesar de ter de escrever para um público, sujeitando-se assim aos ditames da “moda”, conseguiu ter uma escrita muito original.
Camilo Castelo Branco, primeiro visconde de Correia Botelho, nascido a 16 de Março de 1825, era filho natural de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, duma família afidalgada de Vila Real e de D. Jacinta Rosa de Almeida do Espírito Santo, com quem não casou, mas de quem teve os seus dois filhos. Camilo foi assim perfilhado por seu pai em 1829, como "filho de mãe incógnita".
Foi órfão de mãe quando tinha apenas 3 meses de idade sendo entregue a uma pobre mulher de Coimbra para o amamentar. O seu pai morreu quando Camilo tinha nove anos de idade.
Ficando assim deserdado, em completa orfandade, os parentes paternos tomaram conta da pobre criança, que foi entregue aos cuidados duma tia de Vila Real, D. Rita Emília da Veiga Castelo Branco. Parece que se não deu bem com a sua protectora, porque duas vezes tentou fugir-lhe, uma vez para o Porto e outra para Lisboa, sendo de ambas as vezes obrigado a voltar a casa, indo então viver na aldeia de Samardã em 1839, para casa dum seu tio (e da sua irmã), o padre António de Azevedo, que lhe deu as primeiras lições de latim e de cantochão, com o qual rezava os ofícios divinos do breviário, e a quem ajudava à missa de madrugada.
Com apenas dezasseis anos, Camilo casa, em Ribeira de Pena a 18 de Agosto de 1841 com uma menina mais velha do que ele, Maria Joaquina Pereira de França, de S. Cosem de Gondomar e instala-se em Friúme (Ribeira de Pena). O casamento precoce parece ter sido resultado de uma mera paixão juvenil, não tendo resistido muito tempo. Nesse ano veio para Lisboa para espairecer paixões precoces que o assoberbavam, donde os parentes o fizeram sair por falta de recursos, e em 1843 apareceu no Porto a matricular-se em 16 de Outubro na Escola Médico-cirúrgica. A vida de estudante pobre nesta cidade burguesa e endinheirada, pelo isolamento a que era forçado, fortificava-lhe o temperamento sarcástico e observador, que viria a fazer de Camilo Castelo Branco um romancista, dando por fundo dos seus quadros esse velho Porto.
Indo para Coimbra completar os preparatórios do Liceu foi preso na Relação do Porto, onde entrou a 16 de Outubro de 1846, a requisição da família, por motivo duma aventura amorosa com D. Patrícia Emília do Carmo, de Vila Real, de cujas relações nascera uma filha.
Neste período, o país estava em lutas tormentosas de cartistas contra setembristas, e na cadeia conheceu muitos presos políticos; durante o pouco tempo de detenção adquiriu essa desdenhosa indiferença que o afastou de todas as facções politicas que se sucederam até à sua morte. Sendo solto, foi para Coimbra, seguindo depois para Vila Real, quando as aulas se fecharam por causa da revolução popular, que ficou conhecida por “Maria da Fonte”.
Em Vila Real escreveu o seu primeiro drama, Agostinho de Ceuta, que se representou com o maior agrado no teatro daquela vila por curiosos. Em 1848 fixou a sua residência no Porto.
Camilo tenta então o curso de Medicina no Porto que não conclui, optando depois por Direito. A partir de 1848 faz uma vida de boémia repleta de paixões, repartindo o seu tempo entre os cafés e os salões burgueses, dedicando-se entretanto ao jornalismo.
Apaixona-se por D. Ana Augusta Plácido, duma família distinta do Porto, e quando esta se casa, tem de 1850 a 1852, uma crise de misticismo, chegando a frequentar o seminário episcopal do Porto que depois abandona. Ana Plácido tornara-se mulher de um negociante de seu nome, Pinheiro Alves, um brasileiro que o inspira como personagem em algumas das suas novelas, muitas vezes com carácter depreciativo.
Seduz e rapta Ana Plácido. Quando lhe instauraram o processo criminal, assaltou-o uma exacerbação nervosa, e vendo-se perseguido pela justiça, viveu a monte. Saiu do Porto em Maio do referido ano de 1860 pelo arrabalde de Bonfim, pensando na tranquila aldeia de Samardã, onde vivera em criança; dirigiu-se a Guimarães, passou à quinta de Briteiros, depois à do Ermo, em Fafe, do seu amigo Vieira de Castro, seguiu a Vila Real, passou a serra do Marão a 2 de Julho de 1860, esteve em Amarante e ainda em outras partes, voltando finalmente ao Porto em Setembro, para se entregarem às autoridades sendo julgados e depois presos, em 1 de Outubro. Naquela época o caso emocionou a opinião pública pelo seu conteúdo tipicamente romântico do amor contrariado, que se ergue à revelia das convenções e imposições sociais.
Na cadeia buscava distracção e os recursos de subsistência nos trabalhos literários, traduzindo romances, escrevendo folhetins e os pequenos contos Doze casamentos felizes, com os romances originais Anos de prosa, Romance dum homem rico e Amor de perdição. Na prisão recebeu a visita do rei D. Pedro V, em 1861, e nesse ano foi julgado a 17 de Outubro em audiência de júri, ficando absolvidos do crime de adultério. Depois Camilo e Ana Plácido passam a viver juntos, contando ele trinta e oito anos de idade.
Camilo Castelo Branco achou-se novamente ligado à mulher que o seu talento literário deslumbrara.
Entretanto, Ana Plácido tem um filho, teoricamente do seu antigo marido, ao que se somam mais dois de Camilo. Com uma família tão numerosa para sustentar Camilo, entregou-se a um activo trabalho, escrevendo, um ritmo alucinante, sucessivos livros, que os editores compravam, vendendo-se prontamente as edições.
Pensou depois em ser empregado publico, e em 1862 veio a Lisboa, mas os ares da capital eram prejudiciais à sua saúde, e poucos anos se demorou, retirando-se para a quinta de S. Miguel de Seide, que pertencia a D. Ana Plácido. A natureza campestre não o pacificou; o isolamento despertava-lhe uma sensibilidade mórbida, que se converteu em nevralgias, que o não deixavam demorar-se num sitio, ora em Braga, no Bom Jesus do Monte, ora na Povoa de Varzim, no Porto, na Foz, tendo apenas um único alivio, o trabalho mental.
Camilo Castelo Branco vinha regularmente à Póvoa de Varzim entre 1873 e 1890, perdendo-se no jogo e escrevendo parte da sua obra no antigo Hotel Luso-Brazileiro junto do Largo do Café Chinês. Camilo reunia-se com personalidades de notoriedade intelectual e social, como o pai de Eça de Queirós, José Maria d'Almeida Teixeira de Queirós, magistrado e par do reino, o poeta e dramaturgo poveiro Francisco Gomes de Amorim, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, António Feliciano de Castilho, entre outros. Sempre que vinha à Póvoa, convivia regularmente com o Visconde de Azevedo no Solar dos Carneiros.
Em 1885 é-lhe concedido o título de visconde de Correia Botelho e posteriormente, a 9 de Março de 1888 casa-se finalmente com Ana Plácido, que tinha enviuvado do seu primeiro marido.
Camilo passa os últimos anos da sua vida ao lado de Ana Plácido, não encontrando a estabilidade emocional por que ansiava. As dificuldades financeiras e os desgostos de família aumentaram-lhe ainda os sofrimentos; a morte duma netinha de 3 anos, que muito estimava, a loucura irremediável de seu filho Jorge, e a irresponsabilidade do seu filho mais velho, Nuno, levaram-no ao desespero que lhe sugeriu a ideia do suicídio.
A progressiva e crescente cegueira (causada pela sífilis), impede Camilo de ler e de trabalhar capazmente, o que o mergulha num enorme desespero.
Camilo Castelo Branco, depois da consulta a um oftalmologista que lhe confirmara a gravidade do seu estado, em desespero desfere um tiro de revólver na têmpora direita, às 15h15 de 1 de Junho de 1890, acabando por morrer às 17h00 desse mesmo dia.



Principais Obras:

- Anátema (1851)
- Mistérios de Lisboa (1854)
- A Filha do Arcediago (1854)
- Livro negro de Padre Dinis (1855)
- A Neta do Arcediago (1856)
- Onde Está a Felicidade? (1856)
- Um Homem de Brios (1856)
- Lágrimas Abençoadas (1857)
- Cenas da Foz (1857)
- Carlota Ângela (1858)
- Vingança (1858)
- O Que Fazem Mulheres (1858)
- O Morgado de Fafe em Lisboa (Teatro, 1861)
- Doze Casamentos Felizes (1861)
- O Romance de um Homem Rico (1861)
- As Três Irmãs (1862)
- Amor de Perdição (1862)
- Memórias do Carcere (1862)
- Coisas Espantosas (1862)
- Coração, Cabeça e Estômago (1862)
- Estrelas Funestas (1862)
- Cenas Contemporâneas (1862)
- Anos de Prosa (1863)
- Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (1863)
- O Bem e o Mal (1863)
- Estrelas Propícias (1863)
- Memórias de Guilherme do Amaral (1863)
- Agulha em Palheiro (1863)
- Amor de Salvação (1864)
- A Filha do Doutor Negro (1864)
- Vinte Horas de Liteira (1864)
- O Esqueleto (1865)
- A Queda dum Anjo (1866)
- O Santo da Montanha (1866) - A Bruxa do Monte Córdova (1867)
- A doida do Candal (1867)
- Os Mistérios de Fafe (1868)
- O Retrato de Ricardina (1868)
- Os Brilhantes do Brasileiro (1869)
- A Mulher Fatal (1870)
- A Infanta Capelista (1872) (conhecem-se apenas 3 exemplares deste romance porque D.Pedro II pediu a Camilo para não o publicar, uma vez que versava sobre um familiar da Família Real Portuguesa e da Família Imperial Brasileira)
- O Carrasco de Victor Hugo José Alves (1872)
- O Regicida (1874)
- A Filha do Regicida (1875)
- A Caveira da Mártir (1876)
- Novelas do Minho (1875-1877)
- Eusébio Macário (1879)
- A Corja (1880)
- A senhora Rattazzi (1880)
- A Brasileira de Prazins (1882)
- O Arrependimento
- O Assassino de Macario
- D. Antonio Alves Martins: bispo de Vizeu
- Folhas Caídas
- O General Carlos Ribeiro
- A Gratidão
- Luiz de Camões
- Sá de Miranda
- Salve, Rei!
- Suicida
- O vinho do Porto
- Voltareis ó Cristo?
- Theatro comico: A Morgadinha de Val d'Amores; Entre a flauta e a Viola

Trabalho realizado por André Ricardo Leitão



















Figura Ilustre de Vila Real

Carvalho Araújo



José Botelho de Carvalho Araújo, nasceu na cidade de Vila Real em 1880, tendo assentado praça como aspirante da Armada em Setembro de 1889 e ascendido a guarda-marinha em 1903. Participou na conspiração de 5 de Outubro de 1910 e a seguir à implementação da República foi deputado, eleito pelo círculo de Vila Real à Assembleia Constituinte da República, e governador do distrito de Inhambane, em Moçambique, por 18 meses.
Quando Portugal entrou na Primeira Guerra Mundial, com o posto de 1º tenente, comandou uma traineira transformada em caça-minas, baptizado de "Augusto de Castilho".
No dia 14 de Outubro de 1918, a 270 milhas de Ponta Delgada, combateu um submarino alemão U 139, comandado pelo às dos ases dos submarinos Lothar Von Arnaula de la Prière, que tentou torpedear o vapor "S. Miguel" que transportava cerca de 200 passageiros. Após 2 horas de luta, Carvalho Araújo e alguns tripulantes foram mortos e o seu navio afundado, mas com a sua acção conseguiu impedir o afundamento do S. Miguel.

Fonte: Wikipédia
Trabalho realizado pela Bárbara Alves Oliveira

Lenda do Calhau Encantado




A Serra do Alvão, com os seus ciclópicos penedos e ravinas alcantiladas, vestida de branco no Inverno e de verde no Verão, com ar severo e misterioso, era ambiente propício para excitar a imaginação dos que por lá andavam a ganhar o pão ou por lá passavam, a caminho de Vila Real. Não admira, pois, que, à sua volta, as lendas surgissem, com toda a naturalidade.
Lá bem no alto da serra, junto da povoação de Arnal, ergue-se um descomunal fragão, chamado Penedo Negro e também a Capela, por ter um recorte em forma de portão de igreja, forrado de musgo verde e macio. Os pastores e os viandantes olhavam-no com curiosidade e receio e passavam lá com o credo na boca, pois havia quem dissesse que, à meia-noite, lá dentro, se ouvia um cantar muito triste e arrastado de mulher que, no entanto, ninguém conseguia ver.
Mas, certa madrugada, ainda com estrelas no céu, passou por lá um aldeão, recoveiro de ofício, que ia à Vila fazer compras, como de costume. E justamente quando ladeava o esfíngico penedo, ouviu um ruído surdo semelhante ao ranger de gonzos de pesado portão. Com os cabelos eriçados, olhou para o sítio donde viera o ruído estranho e deu com os olhos numa Senhora muito linda, de sorriso triste mas encantador, como nunca tinha visto, que lhe disse com voz meiga:
- Não tenhas medo e presta bem atenção ao que vou dizer-te. Eu sou uma moura encantada e tenho tanto oiro que não há balanças que o possam pesar. Pois todo este oiro será teu e eu própria irei para tua casa e casarei contigo, se conseguires desencantar-me. Para que isso aconteça, traz-me da Vila uma bola de quatro cantos. Mas toma bem sentido: não a "encertes" por nada deste mundo; se não, dobras-me o encanto.
Dito isto, desapareceu no interior do Penedo Negro e a porta voltou a fechar-se como se abriu. O bom recoveiro, muito surpreendido com aquela inesperada aparição, retomou a jornada, serra abaixo, sempre a repetir as palavras da linda Senhora que não lhe saía do pensamento. Mal entrou nas portas da "Bila", tratou de mercar a bola de quatro cantos, não fosse o pão acabar cedo, pois era dia de feira. Só depois iniciou as outras voltas. Apreçou, aqui e ali, a mercadoria e fez as compras para si e para os vizinhos. Enfiou o alforge no grosso varapau de marmeleiro apoiado sobre o ombro e pôs-se a caminho de casa, já com o sol a baixar para trás da serra. E, como não tinha comido nada, pois comer na estalagem é um roubo, e a jornada era longa e penosa, sentiu uma vontade irresistível de comer. Mas comer o quê, se só levava a bola de quatro cantos que a Senhora lhe recomendara tanto que a levasse bem inteirinha? E perdia toda aquela riqueza que a Senhora prometera dar-lhe?
Pôs de parte aquela ideia maluca e continuou a caminhar.
Mas um pouco acima de Agarez, avistou uma fonte gorgolejante que o convidava a matar a sede e a descansar. E, como à fome e à sede ninguém resiste, resolveu parar, pensando lá com os seus botões:
- É certo que prometi à Senhora levar a bola inteira e eu não sou homem de faltar à palavra. Mas, como diz o outro, a fome não tem lei. Vou comer só um canto e levo-lhe os outros três. A Senhora pareceu-me tão boazinha... há-de compreender e perdoar. E, se bem o pensou, melhor o fez. Sentou-se à beira da fonte, pós o alforge no chão, comeu o canto da bola e bebeu uma tarraçada de água fresca. Depois, já reconfortado, retomou a subida da encosta. Ao chegar junto do Penedo Negro, bateu com a ponta do varapau. A porta abriu-se rapidamente e a Senhora reapareceu, mas agora com o semblante carregado, e disse-lhe com ar severo:

Em cavalo de três pernas,

Contigo não posso ir.

Fecha-te, porta de pedra,

Para nunca mais te abrir.

E desapareceu, enquanto o Diabo esfrega um olho, atrás da porta de pedra, para sempre.
O pobre do homem, com os três cantos da bola na mão e o alforge das compras ao ombro, partiu, desalentado, para a sua aldeia, onde passou o resto da existência, a lamentar a tentação de comer da bola de quatro cantos, e a calcorrear os caminhos da serra para ganhar a vida.
E a Senhora linda lá continua encantada, com os seus tesouros fabulosos, no Penedo Negro, a que os povos da serra, por essa razão, também chamam Calhau do Encanto.


domingo, 21 de fevereiro de 2010

Figura Ilustre de Vila

José Augusto Alves Roçadas



Oficial do exército, foi governador de Angola e o último comandante do Corpo Expedicionário Português a França, durante a Primeira Guerra Mundial.
Nasceu em Vila Real, em 6 de Abril de 1865;morreu em 28 de Junho de 1926.
Entrou para o exército em 1882, tendo concluído em 1889, em primeiro lugar, o curso do Estado-Maior da Escola do Exército. Promovido a alferes para Cavalaria 2, era tenente no ano seguinte, e capitão 4 anos depois, com 29 anos de idade.
Em 1897 foi enviado para Angola, como chefe de estado-maior, servido na colónia até 1900.
Em 1902 foi enviado para a Índia, de novo como chefe de estado-maior das forças estacionadas naquela colónia do Índico. Voltou a Angola em 1905, nomeado governador do distrito da Huíla
De regresso a Lisboa é promovido a Major e nomeado ajudante-de-campo do rei, grande oficial da Torre e Espada, recebendo as medalhas de ouro de Serviços Distintos e Valor Militar. Em 20 de Maio de 1908, no começo do reinado de D. Manuel II, foi promovido por distinção a tenente-coronel.
Nomeado governador de Macau, regressou a Angola como governador-geral, mas por pouco tempo, por se ter demitindo do cargo devido à revolução republicana de Outubro de 1910. De regresso a Portugal, é colocado como chefe de estado-maior de várias grandes unidades.
Em 1914, quando se organizou a primeira expedição a Angola, para defender o sul da colónia, que fazia fronteira com a colónia alemã do Sudoeste Africano, Roçadas foi escolhido para a comandar.
Em Setembro de 1918 foi enviado para França, com o posto de general graduado, tomando interinamente o comando da 2.ª divisão do C.E.P. em Dezembro, já depois do Armistício. Em 16 de Abril de 1919 foi nomeado comandante do Corpo português, sendo responsável pelo seu regresso a Portugal. Em Setembro de 1918 foi nomeado governador dos territórios da Companhia de Moçambique, tendo regressado em 1923 a Portugal. Confirmado no posto de general em Novembro de 1924, depois de ter prestado provas, foi nomeado comandante da 1.ª Divisão militar.
Desde o seu regresso, fez parte do grupo que em torno de Sinel de Cordes, preparou a conspiração que levou ao golpe de 28 de Maio de 1926, sendo o chefe indicado para tomar o poder, o que não se realizou devido a ter adoecido pouco tempo antes do golpe, acabando por morrer pouco tempo depois.


Fonte:
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 25, págs. 828-829


Trabalho elaborado por André Miguel Poeira

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Símbolos de Vila Real

Bandeira e Brasão do Município de Vila Real





Hino de Vila Real

Ornada de tantas galas,
Oh! Abram alas
Uma princesa.
É filha de um rei troveiro,
Sonho primeiro
D’aurea beleza.
O nome cheio de encanto,
Que eu amo tanto,
Também o diz:
Real d’aspecto e de graça
A sorrir para quem passa,
A filha de D. Dinis


Teus filhos, linda princesa,
Tua nobreza
Sempre te herdaram,
E nos campos de batalha
Nunca à metralha
Costas voltaram:
É ver o bravo Araújo
E aquele marujo
Diogo Cão...
Pelotas e Alves Roçadas
Brandiram suas espadas
A lutar por teu brasão


À tua sombra descansa,
Deposta a lança,
Bravo “Espadeiro”
Ai! Guardas em um jazigo
O grande amigo
Do Rei primeiro!
A tua Santa madrinha
Foi a Rainha
Santa imortal,
Que num sorriso de amor,
Te converteu numa flor
Do jardim de Portugal!


Coro

Vila Real,
Oh! Que linda és
Tens o Corgo aos pés
Em adoração!
Vila Real
Como és gentil
Canta-te o Cabril,
Beija-te o Marão!

Vila Real, Vila Real, Vila Real!...





sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Jogo da Divisão


História e lenda do Aleu






A História do Aleu

A palavra ALEU, actualmente visível na bandeira de Vila Real, teve a sua origem no tempo do Marquês de Vila Real, D. Pedro de Menezes.
O palácio da Torre que foi pertença dos Marqueses de Vila Real, possui em vez de brasão na frontaria do palácio, uma coroa de louros, no meio da qual está gravada a palavra ALLEO, como símbolo de toda a nobre família Meneses, de Vila Real.

A propósito da palavra «Alleo», conta-se que numa praça de Ceuta, encontravam-se alguns fidalgos que se divertiam jogando o jogo da reca ou da choca. Entretanto, um clamor de trombetas ouviu-se a anunciar a presença do rei D. João I. Entre os fidalgos encontrava-se D. Pedro de Meneses a quem D. João I perguntou:
- Sentis em vós esforço para defender dos infiéis esta cidade que Deus nosso Senhor pôs em mãos portuguesas?
D. Pedro sentiu essa pergunta quase como uma ofensa e, pegando no aleo (pau com que se jogava a reca ou choca), disse que com aquele cacete prometia defender a praça de Ceuta dos Mouros. D João I, perante tanta valentia demonstrada, elegeu D Pedro de Meneses governador de Ceuta. O rei tirou das mãos do conde o aleo e ali mesmo, investiu-o do cargode Governador, dizendo que aquele pau seria a vara da justiça que ele manteria durante a sua governação.
Ceuta manteve-se portuguesa por obra e valentia dos Meneses de Vila Real e de outros governadores que os substituíram.
Assim, D. Pedro de Meneses tomou como armas a divisa Aleeo, cercada por uma coroa de louros, que foi esculpida no seu palácio da Torre em Vila Real.
O Alleo, serviu depois como símbolo de comando na entrega do governo da cidade de Ceuta a um novo governador, sendo representado simbolicamente por um pequeno bastão que ainda hoje se encontra junto da imagem da Nossa Senhora de África na Sé de Ceuta.
Como os marqueses de Vila Real foram senhores desta antiga vila desde os fins do séc. XIV até 1641, as armas do município tinham também, além da espada empunhada por um braço, a palavra «Aleeo» cercada por uma coroa de louros. Mas, com a condenação à morte do último Marquês, estas figuras de heráldica foram retiradas do brasão de armas de Vila Real.
Em 1925, a Associação dos Arqueólogos Portugueses aprovou uma nova constituição da heráldica municipal, que mais tarde foi revogada pelo «Diário do Governo» nº 26, II Série, de Janeiro de 1962, mantendo os mesmos elementos, em que a palavra ALEU continua a fazer parte da heráldica das armas.









Outra Lenda do Aleu

Para os mais curiosos,deixo aqui a lenda do Aleu que eu aprendi na escola primária.
Há muitos anos atrás, o rei D. Dinis visitou o local onde hoje se situa a bela cidade de Vila Real.
Andava o rei a passear pelas lindas ruas, quando reparou que num largo dois rapazes novos e robustos jogavam divertidamente um jogo que se chamava "Choca". Este jogo jogava-se com um pau grosso a que chamavam "aleu".
D. Dinis, zangado protestou:
-Então, estão vocês aqui a jogar, enquanto outros rapazes corajosos estão a treinar para a guerra. Achais isso correcto?
O rapaz mais forte e inteligente do grupo respondeu:
-Saiba Vossa Poderosa Majestade que se formos chamados para defender a nossa querida terra, faremos com este "aleu" aos nossos inimigos o mesmo que estamos a fazer a esta pobre "choca". Derrotamo-los com uma pancada!
D. Dinis com grande surpresa de tal resposta, ordenou que o escudo de Vila Real tivesse a palavra "Aleu".







Trabalho realizado por Joana Filipa Silva












Jogo da Choca. Porca ou Reca









A choca é jogada com uma bola de madeira, de formato igual ao da do jogo do pino, chamada porca (reca ou choca).
É composta por cinco jogadores munidos de um pau cada um, o qual pode ser curvo numa das extremidades ou não.
Começa o jogo com as coquerrias da bola. Chama-se coquerrias ao acto de dar com um pau na bola sem a deixar cair no chão. O jogador que menos coques der é o que vai com a porca, ocupando os restantes jogadores um nicha.
Ao jogador que fica com a porca chama-se porqueiro. O porqueiro tenta meter a porca no celeiro. Se o conseguir, diz estas palavras «remeruja porca suja»; e os outros jogadores têm de mudar de nicha. O jogador que ficar sem nicha vai com a porca.
Quando o porqueiro tenta meter a porca no celeiro, todos os outros jogadores fazem os possíveis para que ela não entre, evitando que ele ponha o pau na sua nicha.
Depois do tempo terminado (aproximadamente 10 minutos), dizem-se estas palavras: «couto, minha nicha,/couto, meu celeiro,/borro-lhe nas barbas/ao ruim porqueiro».
Cruzam os paus no celeiro, põem-lhe uma pedra em cima, vão buscar o porqueiro, que tenta fugir e dão-lhe com o rabo em cima da pedra, terminando assim o jogo.

Festa de S. Lázaro







"Ana, Magana, Rabeca, Susana, Lázaros, Ramos na Páscoa estamos.” É assim que os locais contam as semanas em falta até chegar o dia da Festa de São Lázaro, na quinta semana após a Quarta-Feira de Cinzas que institui a Quaresma.
“Cavacórios” e “bexigas”, são mais duas especialidades regionais que os vila-realenses fabricam, neste caso, em dia da festa de S. Lázaro. Os “cavacórios” são um doce feito à base de ovos e farinha de trigo, com uma cobertura de açúcar. As “bexigas” são feitas com farinha de trigo, raspa de limão e cobertura de açúcar.
Parece que a tradição dos “cavacórios” e “bexigas” se filia na origem de uma epidemia que há muitos anos grassou em Vila Real, e à qual só os habitantes do bairro vizinho da Capela de S. Lázaro escaparam. Então os mesmos habitantes passaram a levar ao Santo as suas oferendas hoje introduzidas na tradição da cidade com o nome da própria epidemia, “bexigas”, e ainda os “cavacórios” , estes de tamanho maior e simbolizando o bolo em que consistia a oferta do devoto.
S. Lázaro é ainda hoje o santo de maior devoção da gente de Vila Real e, no domingo que antecede o "Domingo de Ramos" é costume os locais descerem à Rua dos Ferreiros para comprar os “cavacórios. Mas os locais evocam o santo como padroeiro das “bexigas”, nome dado à varíola pela cultura popular, atribuindo a forma funda que a cicatriz deixa no rosto à mesma que os doces possuem e levantando similitudes com a lepra que, erroneamente, não fez padecer Lázaro como marcou o martírio de Job ou que os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas relatam sobre as curas do profeta. Lázaro leproso era o mendigo que comia as migalhas que sobravam de um homem rico. Quando os dois morreram, o pobre foi para o céu e o rico para o Inferno. Daqui nasceu aquilo que se chama o “Mal de São Lázaro”. As suas representações mais antigas encontram-se no século III, com Cristo a assistir à sua ressurreição enquanto segura na mão direita uma vara semelhante à de Hermes, que utilizava para conduzir as almas até ao Hades.


Fonte:Ricardo Almeida

etnografiatransmontana.blogspot.com

Trabalho realizado por João Pedro Penelas

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Vídeo Vila Real

Festa de S. Brás




Festas e Romarias


As festas e romarias tão caras à alma do nosso povo crente e folgazão, têm uma função simultaneamente religiosa e social.
As festas e romarias são um traço típico da cultura popular e tradicional do nosso povo. Estas manifestações extremamente numerosas e variadas, acontecem um pouco por todo o país, e fazem parte das tradições e memórias de um povo que luta para manter actual a cultura secular que lhe confere uma identidade muito própria.


- São Brás – “Vila Velha” (Vila Real) -2 e 3 de Fevereiro

- São Lázaro - Bairro dos Ferreiros ( Vila Real ) - Domingo de Lázaros, anterior ao Domingo de Ramos

- Nª Sª De Guadalupe – Ponte (Mouçós) – 2º Domingo de Maio

- São Bento – São Tomé do Castelo – 1º Domingo de Junho

- Sto António – Vila Real – 13 de Junho

- São Pedro – Vila Real – 28 e 29 de Junho

- São Cristóvão - Parada de Cunhos - Último domingo de Junho

- São Frutuoso e Sta Maria da Feira – Constantim- último Domingo de Julho

- Senhor Jesus do Calvário – Vila Real - Julho

- Mártir São Sebastião e Sta Maria Maior – Borbela – 1º Domingo de Agosto

- Nª Sª de La Salette – Vila Cova – 15 de Agosto

- Nª Sª de Lurdes – Justes – 3º Domingo de Agosto

- Sta Ana - Campeã – Último Domingo de Agosto

Festa do Corpo de Deus – (Vila Real) – Quinta-feira a seguir ao Domingo da Santíssima Trindade.

Nª .Sª. da Almodena – Bº da Almodena – Vila Real – 8 de Setembro

Nª . Sª da Pena – Mouçós – 2º domingo de Setembro





Festa de S. Brás e de Santa Luzia

Os “pitos” e as “ganchas” são, desde sempre, parte integrante da tradição religiosa e cultural de Trás-os-Montes e Alto Douro. As festividades em honra de Santa Luzia e de São Brás demonstram a linha ténue que separa o sagrado do profano.
Depois de entregues, a 13 de Dezembro, os respectivos “pitos” de Santa Luzia, chega a vez das “ganchas”, no dia 3 de Fevereiro, retribuírem o favor e fazerem jus à tradição. Sendo assim, em Vila Real, como de costume, as “Marianas” instalaram-se junto ao antigo Liceu, com uma mesinha à frente, coberta por um pano branco, decorado com as afamadas iguarias.
Segundo a sabedoria antiga, “a ‘gancha’ é a receita de São Brás para nos livrarmos do mal das goelas”, um santo que viveu entre os séculos III e IV na Arménia e que ficou conhecido por retirar com a mão um espinho da garganta de uma criança. O doce de calondro dos famosos “pitos” é a medicação de Santa Luzia para a vista, e os “cavacórios” de São Lázaro servem para combater as bexigas, o último doce desta cadeia tradicional que termina por altura da Páscoa. Contudo, a tradição já não é o que era e torna-se cada vez mais raro ouvir alguém a cantar:

"Vou ao São Brás
De cu ó pra trás
Buscar uma gancha
Para o meu rapaz.

Vou ao São Brás
De barriga prá frente
Buscar uma gancha
Para a minha gente."

Filipe Ribeiro


Trabalho realizado pela Mariana Pacheco Morais

Lenda do Santo Soldado




Existe na Igreja da Misericórdia uma sepultura de José Custódio, fuzilado, ao que o povo diz, inocentemente, em 12 de Maio de 1813.
O “Santo Soldado” é uma história de um militar, de nome José Custódio, que prestava serviço, como soldado, no Regimento de Vila Real quando foi acusado de um roubo sacrílego.
Este soldado era muito valente e amigo de toda a gente mas apesar de ser um bom soldado, tinha um primo com o intuito de o prejudicar. Este roubou um cálice valioso de ouro numa igreja local, tendo-o colocado na mochila do soldado.
Desta forma aquando da procura do cálice desaparecido este foi encontrado na mochila do soldado.
Julgado em tribunal militar, foi condenado à morte, executado a arcabuz, no lugar hoje denominado o Arcabuzado, em virtude deste acontecimento.
Diz ainda a tradição que, sabendo o pai do soldado o que o filho era, foi a Lisboa pedir clemência ao rei, tendo o pai do soldado José Custódio solicitado o perdão do rei para seu filho, aquele era o portador do indulto régio, quando ao chegar à Ponte do Sordo ouviu a descarga das espingardas do pelotão que fuzilou o valente soldado.
Logo teve o pressentimento que chegava tarde demais. Pois José Custódio, embora tivesse jurado até à morte a sua inocência, jazia para sempre morto.
Assim, morre o inocente, uma vez que não foi ele que roubou o cálice, mas sim o seu primo. Este, tinha todos os motivos para o querer ver morto. Em homenagem ao sol-dado inocente, no local foi erguida uma capela.
Este acontecimento abalou tão profundamente a gente da cidade que logo o passou a venerar como “Santo Soldado”, e a invocá-lo nas necessidades e aflições.
E esta fé aumentou ainda quando, tempos depois, um outro soldado (o seu primo) confessou ter sido ele o autor do roubo.



Trabalho realizado por:
Joana Inês Fonseca

Sé Catedral/ Igreja de S. Domingos




A Igreja de São Domingos ou Sé de Vila Real localiza-se em Vila Real, Portugal. Como o próprio nome indica tem origem num convento dominicano, que terá sido iniciado em 1424, no reinado de D. Dinis. Do convento nada mais resta do que a igreja e seu adro. De concepção gótica, mesmo tardia, é um monumento de 3 naves. Sofreu obras profundas em meados do século XVIII, torre e capela-mor, tendo recentemente (já neste séc XXI) sofrido melhoramentos com a introdução de vitrais e peças esculturais de artistas portugueses de nomeada, mas de gosto bastante discutível. Em 1837 sofreu um incêndio que lhe destruiu o recheio, e a DGEMN empreendeu nele grandes obras de restauro em 1950, sendo dessa data a colocação do retábulo-mor, que veio do mosteiro de Odivelas e que alberga tábuas maneiristas da escola de Diogo Teixeira, com cenas da Paixão de Cristo. Na sacristia, subsiste uma pequena pintura em madeira de escola italiana. Foi classificada como Monumento Nacional em 1926.



Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Trabalho realizado pelo Pedro Quaresma

Tipos e formas de frases











http://www.eb23-cmdt-conceicao-silva.rcts.pt/sev/lp/tipo_frase.htm


Para consolidares os teus conhecimentos clica aqui:

http://ludotech.eu/blog/ficheiros/tipos-frase-01.html

http://www.eb23-cmdt-conceicao-silva.rcts.pt/sev/lp/3.2.t_frase1.htm


http://www.eb23-cmdt-conceicao-silva.rcts.pt/sev/lp/3.2.t_frase2.htm


http://www.eb23-cmdt-conceicao-silva.rcts.pt/sev/lp/3.2.t_frase3.htm

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Viva o Carnaval

No passado dia 12 de Fevereiro, comemorámos o Carnaval na nossa escola.
Apesar de muito frio, começámos logo pela manhã por desfilar pelas ruas da cidade, mascarados a rigor com bonitas fatiotas.
De tarde, assistimos ao teatro de palhaços "No Consultório do Doutor Emilinho" dramatizado pelas professoras. No final do espectáculo, pudemos ver uma demonstração de Capoeira dinamizada pelos alunos que frequentam esta actividade extracurricular. Foi um dia muito divertido e cheio de alegria.


Comunidades Agro-pastoris



Com o passar dos tempos, o clima da Península tornou-se mais quente e seco, o que provocou modificações na vegetação. Também alguns animais, como a rena, habituados a climas frios, deslocaram-se para outras regiões. Outros, como o mamute, não conseguindo adaptar-se às novas condições, extinguiram-se.
A alteração do clima e o desaparecimento dos grandes herbívoros, que constituíam uma parte importante da alimentação do Homem, levaram-no a alterar o seu tipo de vida; embora continuasse a caçar, começou também a domesticar e a criar alguns animais.
E começou igualmente a cultivar os campos, principalmente junto aos vales dos grandes rios, onde a água era abundante e a terra fértil. Surgiram, assim, a pastorícia e a agricultura.
Como lançou as sementes à terra, teve de esperar pelas colheitas. Tornou-se então sedentário, ou seja, passou a viver permanentemente no mesmo lugar. Construiu habitações mais resistentes para suportar os difíceis meses do Inverno.
Surgiram, assim, os primeiros aldeamentos que eram cercados para as comunidades melhor se defenderem dos animais selvagens e dos grupos inimigos.
Mas como lavrou o Homem a terra? E como apanhou os cereais?
E como guardou as colheitas?
Fabricou novos utensílios como a enxada, o arado e a foice e inventou novas actividades como a cestaria, a olaria e a tecelagem. Com a invenção da tecelagem, aproveitando a lã dos animais, protegeu-se do frio.
Como agricultor e sedentário, o Homem estava muito dependente da Natureza. Com efeito, a chuva, o sol e o vento podem ser benéficos ou destruir as culturas. Começou então a adorar essas forças da Natureza, prestando-lhes culto e oferecendo-lhes animais e produtos.
Clica aqui para saberes mais sobre as comunidades agro-pastoris:

http://www.ribatejo.com/hp/

Primeiras Comunidades Recolectoras



Há muitos, muitos milhares de anos, grupos humanos, vindos provavelmente do Norte de África, fixaram-se na Península Ibérica. Os gelos cobriam grande parte da Península, pelo que o Homem teve de lutar duramente para conseguir sobreviver.
De que se alimentavam estas comunidades?
O Homem primitivo caçava, pescava e recolhia aquilo que a Natureza lhe dava - folhas, raízes e frutos silvestres; por isso se diz que era caçador-recolector.
Caçava, não só pequenos animais, como os de grande porte, construindo, para isso, armadilhas e instrumentos de pedra que depois também utilizava para lhes tirar a pele e partir os ossos.
Quando os alimentos escasseavam, o Homem tinha de deslocar-se para outras regiões; por isso diz-se também que era nómada. Vivia ao ar livre ou construía a sua casa com paus, ramos de árvores e peles de animais.
Durante o Inverno, abrigava-se nas cavernas, onde ainda hoje se encontram marcas da sua existência. É o caso das pinturas rupestres, que representam geralmente animais e cenas de caça.
Existem também marcas da presença humana em desenhos gravados ao ar livre. Sabemos que este Homem primitivo já conhecia o fogo, utilizando-o para cozinhar os seus alimentos, aquecer-se e afastar os animais ferozes.

Consulta este site para saberes mais sobre estas comunidades recolectoras

http://www.ribatejo.com/hp/



Observa algumas pinturas rupestres:


http://www.edouro.com/lista.asp?CAT_ID=14

http://www.lascaux.culture.fr/index.php?fichier=00.xml#/fr/00.xml



Neste site podes ver vários megalitos portugueses:

http://www.360portugal.com/Menu_Megalithic/index.html



Resolve estes exercícios:



http://margaridasequeira.com.sapo.pt/fichas/neolitico1.htm

http://margaridasequeira.com.sapo.pt/fichas/Neolitico2.htm

http://margaridasequeira.com.sapo.pt/fichas/neolitico3.htm

Os Muçulmanos

Para conheceres os muçulmanos clica aqui:
http://www.eb23-tadim.rcts.pt/site/docs/arabes/mouros.htm


http://historiarn.blogs.sapo.pt/84346.html

citânia de briteiros

Figuras Ilustres de Vila Real



Miguel Torga

Oriundo de uma família humilde de Sabrosa, era filho de Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros. Em 1917, aos dez anos, foi para uma casa apalaçada do Porto, habitada por parentes da família. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão. Em 1918 foi mandado para o Seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da sua vida. Estudou Português, Geografia e História, aprendeu latim e ganhou familiaridade com os textos sagrados. Pouco depois comunicou ao pai que não seria padre.
Emigrou para o Brasil em 1919, com quinze anos, para trabalhar na fazenda do tio, proprietário de uma exploração de café. O tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, na convicção de que ele havia de vir a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço - o que levou ao seu regresso a Portugal.
Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro de poemas, Ansiedade. Em 1929, com vinte e dois anos, deu início à colaboração na revista Presença, folha de arte e crítica, com o poema Altitudes. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário avançado de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, era bandeira literária do grupo modernista e era também, bandeira libertária da revolução Modernista. Em 1930 rompe definitivamente com a revista Presença, por «razões de discordância estética e razões de liberdade humana».
É bastante crítico da praxe e das restantes tradições académicas, e chama depreciativamente «farda» à capa e batina, mas ama a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua profissão de médico a partir de 1939 e onde escreve a maioria dos seus livros. Em 1933 concluiu a licenciatura em Medicina, com apoio do tio do Brasil. Começou a exercer a profissão nas terras agrestes transmontanas, de resto, o pano de fundo de grande parte da sua obra.
Casou-se com Andrée Crabbé em 1940, uma estudante belga que, enquanto aluna de Estudos Portugueses, com Vitorino Nemésio em Bruxelas, viera a Portugal fazer um curso de verão na Universidade de Coimbra. O casal teve uma filha, Clara Rocha, nascida a 3 de Outubro de 1955, e divorciada de Vasco Graça Moura.

A origem do pseudónimo
Em 1934, aos 27 anos, Adolfo Correia Rocha autodefine-se pelo pseudónimo que criou, "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo. A sua campa rasa em São Martinho de Anta tem uma torga plantada a seu lado, em honra ao poeta.

A obra de Torga

A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras trasmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/actuam como parecem/sem um disfarce que os mude).
Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente é-lhe muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a Natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à Natureza, como os trabalhadores rurais trasmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras. E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a Natureza mau grado todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, ao ver de Torga fazem do homem único ser digno de adoração.
Considerado por muitos como um avarento de trato difícil e carácter duro, foge dos meios das elites pedantes, mas dá consultas médicas gratuitas a gente pobre e é referido pelo povo como um homem de bom coração e de boa conversa.
Torga era conhecido popularmente nos meios intelectuais de Coimbra como o rei dos chatos.

Prosa
• 1931 - Pão Ázimo.
• 1931 - Criação do Mundo.
• 1934 - A Terceira Voz.
• 1937 - Os Dois Primeiros Dias.
• 1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo.
• 1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo.
• 1940 - Bichos.
• 1941 - Contos da Montanha."Diário I"
• 1942 - Rua.
• 1943 - O Senhor Ventura. "Diário II"
• 1944 - Novos Contos da Montanha.
• 1945 - Vindima.
• 1946 - "Diário III".
• 1949 - "Diário IV".
• 1951 - Pedras Lavradas. "Diário V".
• 1953 - "Diário VI".
• 1956 - "Diário VII".
• 1959 - "Diário VIII".
• 1964 - "Diário IX".
• 1968 - "Diário X".
• 1973 - "Diário XI".
• 1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo.
• 1976 - Fogo Preso.
• 1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo.
• 1982 - Fábula de Fábulas.

Peças de teatro
• 1941 - "Terra Firme" e "Mar".
• 1947 - Sinfonia.
• 1949 - O Paraíso.
• 1950 - Portugal.
• 1955 - Traço de União.

Traduções
Livros seus estão traduzidos para diversas línguas, algumas vezes publicados com um prefácio seu: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.

Prémios
O Wikiquote tem uma colecção de citações de ou sobre: Miguel Torga.
• 1969 - Prémio do Diário de Notícias.
• 1976 - Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist.
• 1980 - Prémio Morgado de Mateus, ex-aecquo com Carlos Drummond de Andrade.
• 1981 - Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S..
• 1989 - Prémio Camões.
• 1991 - Prémio Personalidade do Ano.
• 1992 - Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores.
• 1993 - Prémio da Crítica, consagrando a sua obra.

Trabalhado realizado por Diogo Miguel Carvalho

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Lenda da Povoação de Agarez


Hoje, na hora do conto, o pai da Beatriz esteve na nossa sala para nos contar a história "A Lenda da Povoação de Agarez". Depois de falarmos sobre a história, o pai da Beatriz teve a gentileza de nos oferecer uns chupas que nos deixaram muito contentes.




A Lenda da Povoação de Agarez

Relacionada com a Serra do Alvão, cenário das lendas, O Calhau do Encanto e As Picaretas de Oiro, existe uma outra que se refere à origem, nome e actividade dos habitantes de Agarez.
Agarez é uma risonha e soalheira aldeia, situada nas fraldas da Serra do Alvão, a cerca de oito quilómetros de Vila Real. Foi notável pelo artesanato do linho que os seus moradores cultivavam, teciam e bordavam primorosamente.
A imaginação que ajudou a criar os caprichosos desenhos dos seus bordados ajudou também a criar a curiosa lenda que nos explica a sua génese.
Em tempos muito remotos, no mesmo lugar em que se encontra o actual povo de Agarez, havia um outro chamado Aragonês, nome que lhe fora dado pelos seus fundadores, originários do Reino de Aragão.
Quando estes lá chegaram, construíram as primeiras casas e começaram a surribar as terras arenosas e a cultivar o milho que era o prato forte da sua alimentação.
Um dia, no decorrer desta faina, encontraram, com espanto e alegria, um largo filão de oiro que parecia não ter fim. Abandonaram logo os trabalhos agrícolas para se entregarem, com avidez, à exploração do precioso metal que iam amontoando nos canastros do milho.
Depois de terem enchido os canastros, entenderam que era muito arriscado guardar ali tão valioso tesouro e decidiram levá-lo para a serra e escondê-lo debaixo da areia.
Fizeram, para isso, grandes dunas, com galerias interiores, e trataram de o transportar para lá em carros de bois.
Quando andavam naquela freima, passou lá o Diabo que, ouvindo o estridente chiar, se aproximou, curioso, e parou, agachado atrás dos arbustos. Arregalou bem os olhos e pôs-se à escuta:
- E se alguém descobre o oiro? – pergunta um.
- O Diabo seja surdo – respondem os outros em coro.
- E se alguma enxurrada leva a área? – lembra outro.
- Cruzes, canhoto! - vociferam os restantes.
- Não, se Deus quiser, não vai acontecer nada disto – concordaram todos.
De repente, um dos sacos rompeu-se e as pepitas espalharam-se pela encosta.
- Rais part’ó Diabo! – praguejou alguém.
Ao ouvir isto, o Diabo afinou, perdeu a paciência e não quis ouvir mais. Furioso, jurou vingar-se daqueles títeres desprezíveis que o infernizavam com alcunhas e pragas, e, ainda por cima, eram cristãos.
A espumar de raiva, deitando lume pelos olhos, com o rabo entre as pernas, esgueirou-se, sorrateiramente, para não ser notado, a cogitar a maneira de pôr em prática o seu propósito de vingança.
- Haviam de pagar, e com língua de palmo, o atrevimento, ou ele deixaria de ser Diabo.
Então, lembrou-se de que, lá para os lados de Penaguião, havia uma terra chamada Mafómedes, cujos habitantes seguiam a lei de Mafóma que eram, por isso, inimigos figadais dos cristãos.
Estugou o passo e para lá se dirigiu, sem perda de tempo. Com a promessa de lhes entregar um fabuloso tesouro, facilmente convenceu os Mouros a acompanhá-lo. Com o Diabo na dianteira, armados até aos dentes, transpuseram, pela calada da noite, os desfiladeiros do Marão e chegaram a Aragonês, antes do dealbar, quando os Aragoneses dormiam, ainda, a sono solto.
Sem encontrar resistência, mataram todos os cristãos, e destruíram-lhes todas as casas.
Ao romper da manhã, dirigiram-se para o local das dunas à procura do oiro escondido. Mas, quando começaram a revolver a areia que cobria o tesouro, um forte abalo sacudiu a encosta e fez rolar, lá do alto do Alvão, uma cordilheira de penedos que os esmagaram e soterraram, com armas e bagagens.
Daquela hecatombe, escapou apenas o Diabo e um casal mouro que aí se fixou e reconstruiu a povoação à qual deu o nome de Agarez, em memória da sua ascendente Agar, a famosa escrava de Abraão, que deu origem aos Agarenos, seus correligionários.
Os habitantes da nova povoação passaram a dedicar-se à cultura do linho com o qual teciam e bordavam maravilhosos lençóis, cobertas e toalhas, uma arte que os tornou conhecidos e que ainda hoje perdura, embora em menor escala.
É de lá que vêm as cobiçadas peças de linho que embelezam e valorizam a tradicional feira de São Pedro, a vinte e nove de Junho, em Vila Real.
É esse o seu oiro verdadeiro, porque o outro, esse lá continua, inacessível, debaixo dos impenetráveis penedos, bem guardado pelo Génio da Montanha!

A Origem de Vila Real




Os primórdios da história da cidade remonta aos alvores da formação de Portugal, mas para se perceber a sua fundação é necessário recuar brevemente a eras mais longínquas.
Num tempo (desde o séc. I) em que as legiões romanas percorriam os caminhos pedregosos e hostis desta chão bravio, houve a norte de Douro um espaço geográfico a que deram nome de Terra de Panóias, uma vasta região rica e que tinha como núcleo populacional mais relevante a localidade de Constantim. Um pouco mais adiante desta localidade, erigiram os latinos, nos finais do século II ou nos inícios do séc. III , um santuário rupestre em honra e culto a divindades orientais, e que ainda hoje pode ser visitado, como resíduo e enigma de uma era florescente. Mas a névoa ensombrou o império romano e a noite apoderou-se do ocidente europeu. Ultrapassado o ano mil drapejavam, aqui, ao vento as bandeiras mouriscas, nos castelos de Aguiar, Lamego e Chaves (até 1160) . O território, ermado por frequentes razias cristãs e mouramas, raramente foi percorrido por D. Afonso Henriques, preocupado com outras campanhas e outros problemas. O esforço de povoamento havia de fazer nascer Vila Real dos escombros de Panóias, facto que ocorreu nos finais do século XIII, por acção real, tendo a região recebido, então, o nome de Tras-los-montes. A fundação da nova povoação é atribuída ao rei D. Dinis, que concretiza iniciativas frustadas dos monarcas anteriores, ao conceder-lhe foral em 1289. Ficou na tradição que El-Rei veio aqui em pessoa e que foi ele que escolheu o lugar – um promontório de altas vertentes pedregosas, encaixado sobre a confluência dos rios Corgo e Cabril - que não o nome, pois este dever-se-á a D. Afonso III.
Eleito rei, foi em Vila Real que D. João I agrupou as suas forças para ir ( início do Outono de 1385) submeter Chaves, fiel a D. Beatriz. No século XV e XVI, Vila Real, tornou-se num domínio senhorial dos Menezes descendentes, o primeiro governador de Ceuta (D. Pedro de Menezes). O 3ºConde, feito também marquês em 1489, mandou edificar o Palácio da Torre ou Casa dos Arcos
( sita na actual Av. Carvalho Araújo) e à volta do qual se juntaram várias outras famílias nobres. Vila Real assemelhava-se, então, a uma pequena corte. Mas com a Restauração todo este brilho se extinguiu. Em 1641, considerado implicado, com outros, numa tentativa de regicídio de D. João IV, foi degolado o 7º marquês e 3º duque e extinta a estirpe dos Menezes.
Depois da Revolução Liberal de 1820, Vila Real foi por vezes palco de muitos episódios. Em 26 de Fevereiro de 1823 foi mesmo constituído, aqui, no auge do entusiasmo absolutista em luta contra o liberalismo vintista, a Regência Provisória do Governo interino da nação, em nome de El-rei D. João VI, presidido pelo incansável caudilho miguelista, Marechal Manuel da Silveira, 2º Conde de Amarante.
Novos acontecimentos de relevância só no séc. XX, aquando da insurreição realista promovida pelo monárquico Paiva Couceiro. Então, em 1919, Vila Real recebeu com dureza um ataque de civis e militares que ocupou, por pouco tempo, a cidade e destruiu o Café Club.